outubro 26, 2006

Há coisas fantásticas, não há?


O Madrid ganhou ao Barcelona no Bernabéu. Os culés pareciam baratas tontas, atrás do Robinho. Até o Raúl marcou um golo, o que hoje em dia equivale ao Lobo Antunes escrever um bom livro. O dentuças não jogou nada. O Laporta comeu e calou. Há dias assim, bonitos.
Pela primeira vez na vida, apelo ao voto no Fernando Rosas!


Entrei a semana passada numa demanda de importância transcendente: encontrar o pior português de todos os tempos. Há escória para todos os gostos. Podem ver a minha opinião sobre o assunto no Inimigo Público e até votar no blogue criado para o efeito. Isto é o que eu chamo serviço público.

outubro 10, 2006

"Hey, Donald, wanna get... dirty?"


O congressista republicano Mark Foley está metido em sarilhos, após se saber que o homem assediava sexualmente os chamados "pajens internos", os estudantes do secundário que fazem recados no Congresso norte-americano. Sinceramente, fico satisfeito com este caso, porque veio trazer duas novidades. Primeiro, que existe um republicano que faz sexo. Segundo, porque existe um republicano que faz sexo sem fins meramente reprodutivos. Isto é o que se chama tentar cativar o centro.

outubro 07, 2006

When the end comes I know, there was just a gigolo, life goes on without me...

Zezé Camarinha está a acusar o final da época balnear e, segundo as minhas fontes algarvias, terá sido surpreendido esta madrugada numa situação embaraçosa pelas autoridades competentes (não sendo a palavra competentes usada como adjectivo, obviamente), quando o encontraram em pleno coito com uma lata vazia de Guiness. Zezé Camarinha terá sido rapidamente levado para a esquadra, onde explicou que aquela situação correspondia ao seu padrão habitual, pois a lata “era inglesa, cheirava a cerveja e tinha um buraco”.

outubro 06, 2006

Sempre podem enfiar o saco do Expresso...

Estou muito preocupado com a saúde pública portuguesa em geral e com os resultados dos inquéritos aos conhecimentos sobre o HIV em particular. Por isso, vou agora didacticamente ensinar os mais homens portugueses que me possam estar a ler sobre os diversos preservativos existentes no mercado e qual o ideal para cada pessoa.


PRESERVATIVOS RETARDANTES
Mais grossos, com menos sensibilidade, servem para aqueles homens que não se conseguem controlar e têm um orgasmo quando ouvem qualquer palavra feminina, como “casa” ou “jarra”. Os preservativos retardantes podem ser substituídos, devendo para tal o homem pensar, durante o acto sexual, em assuntos profundamente deprimentes e chocantes. Nos casos mais graves, aconselha-se pensar no défice português avançado pela Comissão Constâncio. Mas cuidado, não deve pensar no défice mais do que o ministro das Finanças, (a saber, de dois em dois minutos), caso contrário pode causar impotência permanente.



PRESERVATIVO XL
Os preservativos Extra Large servem o mesmo propósito do que os porta-chaves da Porsche ou da BMW. O método é o mesmo e de certeza que você o conhece. Apesar de ter um Fiat Uno em segunda-mão, compra um porta-chaves da Mercedes num quiosque e deixa-o displicentemente ao lado do seu Cutty Sark com água mineral, para que a rapariga que está a tentar engatar note e fique impressionada. Depois basta dizer que bebeu demais e que devia mesmo levá-la para sua casa de táxi, matando dois coelhos de uma cajadada. Não apenas ela fica a pensar que você é um jovem yuppie, como que você é uma pessoa responsável. Com os preservativos XL passa-se o mesmo. Você apenas precisa de deixar cair do bolso das calças, como quem não quer a coisa, um preservativo XL, certificando-se que a rapariga o vê. Depois, na escuridão do seu quarto, coloque um dos preservativos retardantes que costuma usar e pense no défice ou na Maria Teresa Horta.

PRESERVATIVO SENSITIVE
Os preservativos Sensitive são extra-finos, sendo normalmente bastante apreciados por pessoas que gostam de desportos radicais, uma vez que, com os preservativos Sensitive você sente toda a emoção de estar a escassos micro-milímetros do vírus do HIV e da Hepatite C, mas sabendo que está em total segurança, como no bungee-jumping. Os mais radicais costumam usar preservativos Sensitive fora do prazo de validade, para a sensação de risco e a descarga de adrenalina serem ainda maiores.





PRESERVATIVOS COM SABORES
Apesar de parecer uma boa ideia, lembre-se que preservativos com sabor a diferentes frutas é um convite a que a sua namorada queira fazer um gang bang, para saborear um salada de frutas.





PRESERVATIVOS COM ESTRIAS
Os preservativos com estrias servem, ao que parece, para aumentar o prazer da sua namorada e/ou mulher. Isso é tudo muito bonito. Mas se quiser realmente aumentar o prazer da sua namorada, sugerimos antes uma operação plástica ou uma bomba de vácuo.



PRESERVATIVOS VINTAGE
Obviamente, não estamos a falar em preservativos em segunda-mão e se você estava com esperanças que fosse esse o tema, sugiro alguma terapia. Os preservativos Vintage são manufacturados conforme os preceitos antigos, devendo ser portanto muito apreciados por manifestantes anti-globalização. Dê uma na sua namorada como o Casanova deu várias nas suas amantes, portanto. Use um preservativo Vintage feito de pele de ovelha. Mas lembre-se, primeiro mata-se a ovelha e tira-se a pele. Usar uma ovelha viva não faz com que ela esteja a usar uma espécie de diafragma Vintage, se era essa a sua ideia.









OLHA MÃE, SEM PRESERVATIVO!
Muitas pessoas são alérgicas ao látex, tal como muitas pessoas são alérgicas ao marisco. No entanto, poucas pessoas fizeram ambas as descobertas ao mesmo tempo. Se não gosta de usar preservativo e portanto aprecia filmes do Kurt Reynolds, tenha em consideração que o chantilly, por muito que você tente convencer a sua namorada, não o protege de doenças sexualmente transmissíveis.
O Público tem uma secção intitulada “A Minha Rua Tem o Nome de um Deputado”, onde se explica quem foram esses deputados à Assembleia da República cujos nomes emporcalham as nossas ruas e pracetas. Decidi por isso alargar o universo de homenageados e abrir a iniciativa a outros portugueses que se evidenciaram, sem nunca terem colocado os pés nos Passos Perdidos.


A MINHA RUA TEM O NOME DE UM FACÍNORA DO ANTIGO REGIME
















Avenida António Rosa Casaco, Santa Comba Dão


António Rosa Casaco
1915-2006


António Rosa Casaco foi um agente da PIDE-DGS, a Polícia Internacional de Defesa do Estado criada por António de Oliveira Salazar, tendo mesmo, tal a sua impecável folha de serviço, chefiado a brigada que assassinou o General Humberto Delgado perto de Badajoz, no exacto local onde hoje em dia se encontra a peixaria El Corte Inglês, sendo que a cova, feita por Rosa Casaco, se encontra entre a última corvina a contar da esquerda e o primeiro sargo a contar da direita. António Rosa Casaco nasceu em Abrantes, a 1 de Março de 1915, poucos depois de nascer Kaúlza de Arriaga (que nunca mais falaria a Rosa Casaco, depois de este lhe ter dado a ideia da infame “Operação Nó Górdio”, em Moçambique, durante a guerra do Ultramar, que resultaria num enorme fracasso para o exército português, comprado apenas ao fracasso da peça “Ora Toma Lá Que Já Comeste, Pidesco”, que resultou no degredo temporário de Vasco Santana pata o Tarrafal). Rosa Casaco nasceu numa família humilde, tendo apenas visto pela primeira vez carne aos 19 anos, razão pela qual a odiava e, sempre que conseguia, a dissolvia em cal viva. Rosa Casaco integrou a PIDE-DGS em 1938, depois de ter sido recusado pela Comédie-Française, onde sonhava encenar Moliére. Em poucos anos tornar-se-ia subdirector da instituição, depois de ter sido sua ideia de arrancar os olhos com umas tenazes a um então desconhecido Álvaro Cunhal, algo considerado visionário por Salazar e que lhe valeu a promoção e uma casa-de-banho própria nas instalações da António Maria Cardoso. Rosa Casaco era por isso conhecido como “ o menino bonito de Salazar”, o que muito honrava. Já quando passou a ser conhecido como “a puta do Caetano”, não achou porém tanta piada. Depois do 25 de Abril, que o apanhou de calças na mão, exilou-se em Espanha (de onde saiu após um diferendo azedo com o toureiro Luis Ordoñez sobre o melhor tempero para marinar testículos dos touros) e, mais tarde, no Brasil, onde inspiraria a personagem “sinhozinho Malta”, na telenovela “Roque Santeiro”. Apesar de ter vários mandatos de captura internacionais, Rosa Casaco chegou a passear-se na década de 90 pelos jardins de Belém, onde aproveitou para matar as saudades dos pastéis de Belém e do seu grande amigo Jorge Ritto, ao lado que quem passou a viver a partir de 2002, em Cascais, quando os mandados internacionais que pendiam sobre si prescreveram. Nos últimos dias da sua vida, Rosa Casaco aplicou todas as forças que lhe sobravam a combater aquilo que, no seu entender, representava a maior ameaça desde o comunismo e o ateísmo soviético: os “Morangos Com Açúcar” e a participação de Jorge Gabriel em programas desportivos. António Rosa Casaco morreu no início de Julho de 2006 e as suas últimas palavras foram “vão-se todos foder”. Na sua lápide está escrito “Aqui jaz António Rosa Casaco, inspector da PIDE extremoso, fascista convicto, para sempre na lembrança dos seus entes queridos e de Silva Resende”. A semana passada o seu nome foi atribuído à mais larga, comprida e nobre avenida de Santa Comba Dão, em homenagem aos seus feitos patrióticos, praticados com abnegação durante quase quatro décadas.
Out, out!!! You demons of stupidity!!!

Quando o mundo se incendeia por causa da religião, proponho o seguinte para alcançarmos paz na terra e harmonia entre os homens de boa vontade: abraçar o animismo, como ainda se faz em diversos países africanos. Se a raiz do problema reside no facto de três grandes religiões partilharem o mesmo Deus e basicamente os mesmos profetas, tendo sobre eles diferentes tradições, tabus e sentimentos de propriedade moral, a solução poderia estar na adoração de animais. Se, por exemplo, os cristão adorassem um chimpanzé, os judeus adorassem um koala e os muçulmanos adorassem um panda, cada um poderia representá-los como lhes desse na real gana, sem ofender as restantes religiões. E o problema terminava. A não ser, claro, que os árabes se sentissem ofendidos com o WWF, por representar um panda no logótipo da associação e começassem a incendiar as suas delegações em todo o mundo.

outubro 05, 2006

PEQUENO DICIONÁRIO
ILUSTRADO DE FILOSOFIA

Numa altura em que o Ministério da Educação decidiu, em mais uma ideia peregrina, retirar a disciplina de Filosofia dos exames nacionais de acesso ao ensino superior, deixo aqui alguns exemplos de grandes filósofos que, ao longo dos séculos, iluminaram e alargaram o conhecimento humano.


SÃO TOMÁS DE AQUINO

São Tomás de Aquino nasceu no século XIII, no castelo de Roccasecca, na Campânia, da família feudal dos condes de Aquino. Apesar de estar ligado às famílias reais de França, Sicília e Aragão, Tomás de Aquino cortou os laços com a sua influente família e abraçou a causa dos frades dominicanos, tal como os filhos das famílias bem da Lapa entram no Bloco de Esquerda. Tendo conquistado o respeito de toda a Igreja, como teólogo exemplar, Tomás de Aquino seria conhecido, ainda em vida, como Doctor Angelus, mas nunca gostou desse cognome, porque o fazia parecer uma personagem da Marvel.


AVERRÓIS

Averróis, grande filósofo árabe do século XII, nasceu em Córdoba, na altura província muçulmana, depois de os árabes terem invadido a Península Ibérica em busca de armas de destruição maciça. O seu nome era Abu al-Walid Muhammad Ibn Ahmad Ibn Munhammad Ibn Ruchd, mas não dava muito jeito às pessoas quando o chamavam na rua. Averróis foi, no seu tempo, o grande comentador de Aristóteles, como o Rui Santos é, no nosso tempo, o grande comentador do campeonato nacional.






ISAIAH BERLIN

Isaiah Berlin nasceu em Volshonok, tendo testemunhado dois acontecimentos marcantes na sua vida: a Revolução de Outubro de 1917 e a perda da virgindade da sua vizinha. Já professor em Oxford, foi confundido pelo Winston Churchill com o cantor norte-americano Irving Berlin, tendo insistido com o filósofo para cantar, com voz de cana rachada, Hooooooooooooo, come on and hear, come on and hear, Alexander’s Ragtime Band! Coooooooooooome on and hear, come on and hear, it’s the best band in the land!, tendo depois Churchill obrigado o autor da obra “Two Concepts of Liberty” a tocar e cantar o clássico White Christmas, apesar de ser Agosto e de Isaiah Berlin não saber tocar piano.




FRIEDRICH NIETZSCHE

Friedrich Nietzsche, filósofo alemão, defendeu em obras como Über Wahrheit und Lüge im aussermoralischen Sinn (“Sobre a Verdade e a Mentira em Sentido Extra-Moral”), Ecce Homo (“Eis O Homem”) ou Also sprach Zarathustra (“Assim Falou Zaratustra”), o ateísmo e a superioridade do Homem perante qualquer código moral absoluto. Na obra póstuma Vom Einfluß der Würste im sexuellen Leben der Deutschen (“Da Influência das Salsichas na Vida Sexual dos Alemães”), Friedrich Nietzsche defendeu que a ingestão de salsichas de Viena era a causa da superioridade da raça ariana.
Portugueses pensam que o HIV se transmite através de livros


Os portugueses vão começar a serem alertados, através de uma campanha publicitária, para a necessidade de fazerem o teste de diagnóstico do HIV, no seguimento de um estudo que demonstra que a maioria dos portugueses ainda desconhece as verdadeiras causas da doença. Entre outras coisas, a campanha tentará explicar aos portugueses que, ao contrário do que julgam, engolir esperma não cura dores de garganta.

Desde que não clonem o Luís Fazenda, be my guest...



Uma nova pesquisa realizada nos EUA pelos investigadores Xiangzhong Yang e Tao Cheng, publicada na revista de divulgação científica “Nature Genetics”, revela que para se proceder à clonagem de animais não são necessárias, como se pensava até agora, células-tronco. Na realidade, tudo o que é necessário para se proceder à clonagem de animais é uma total ausência de escrúpulos morais e um desprezo autista pelas consequências práticas das descobertas científicas, conclui o estudo.
Blow my whistle, stranger!


Esta semana o Ministério Público descobriu que diversos objectos oferecidos por dirigentes desportivos aos árbitros eram, na realidade, feitos de ouro falso. No âmbito da mesma investigação, o Ministério Público descobriu ainda que muitas das prostitutas oferecidas pelos dirigentes desportivos aos árbitros eram, na realidade, travestis.
"Look, it's Harrison Ford, sun! Shoot him down, and do Thy will!"


Nos EUA, Charles Roberts, pai de três crianças, entrou numa escola amish, baleou dez raparigas, matou cinco e acabou por se suicidar. Respeitando as tradições dos amish, a caçadeira usada para o massacre foi construída por toda a comunidade.
O martelo de meretíssimo não serve apenas para encerrar audiências


O Tribunal de Macedo de Cavaleiros começou esta semana a julgar a indemnização pedida ao Instituto Piaget por Ana Sofia Damião, uma ex-aluna que se queixou das praxes em 2002 e que reclama quase 70 mil euros por danos morais e patrimoniais. Na sessão de abertura do processo, como era a primeira vez que Ana Sofia Damião entrava num tribunal, foi obrigada pelos advogados de defesa e de acusação a simular sexo oral com o juiz.
McDonald's abre restaurante na sede do IRA



Tony Blair, citando um relatório independente, garantiu esta semana que o IRA encerrou definitivamente as suas actividades paramilitares. Ao que parece, o Exército Republicano Irlandês não aguentou a concorrência de multinacionais como a Al-Qaeda, sendo assim mais um triste e paradigmático exemplo de como a globalização e as multinacionais do terror podem matar o terrorismo local.

There are more things in heaven and earth, Horatio, than Flying fucking Circus

Os humoristas portugueses costumam invariavelmente apontar como referências os Monty Python. Quando era pré-adolescente e assistia ao Monty Python’s Flying Circus também apreciava o humor do Idle, Cleese, Palin, Jones & Chapman. Quanto às animações do Terry Gilliam, sempre as achei insuportáveis. E continuo a achar. Acontece que a admiração pelos Python deve ser como o sarampo: algo que acontece na infância, cura-se e nunca mais volta. Do grupo, recordo meia dúzia de sketches que considero geniais, normalmente versando filosofia, literatura, cinema ou crítica social. Ingleses travestidos a beber chá, sinceramente, not my cup of tea. Para mais, procurar na televisão inspiração para o que quer que seja é sinal de analfabetismo. Querem humor inteligente? Vejam o Beyond the Fringe, a série criada pelo Peter Cook nos anos 60, muito antes dos Python, com o Jonatham Miller, o Alan Bennet e o Dudley Moore (exactamente, esse). Ou, claro, o mais recente The Office, do Ricky Gervais e do Stephen Merchant. Ou o inevitável Daily Show do John Stewart, na Comedy Central, verdadeiro repositório de inteligência e argúcia. Mas citar programas de televisão como referências, sinceramente, parece-me algo completamente infantil.
Cresci a rir com o Francisco de Quevedo e o Joseph Heller. Nada que alguma vez tenha sido escrito em televisão se pode comparar ao Historia de la Vida del Buscón Llamado Don Pablos - Ejemplo de Vagabundos y Espejo de Tacaños – a maior sátira da história da literatura - ou ao Catch 22, ao Something Happened e ao Good as Gold, monumentos literários do século XX. De cada vez que escrevo um sketch para televisão, leio uma página do Heller, não vejo um episódio do Seinfeld. Se quero olhar para um ecrã e encontrar humor inteligente (obviamente, todo o humor é um exercício de inteligência, caso contrário não passa de anedotas e Parque Mayer), revejo os filmes do Buster Keaton. Sei que isto pode parecer pedantismo, mas é assim mesmo. Por muito que aprecie o humor dos filmes do Bob Hope, um dos grandes génios da comédia do último século, que apenas o anti-americanismo primário dos europeus explica que não seja minimamente conhecido por cá a não ser como aquele velho que jogava golfe com o Ronald Reagan, prefiro mil vezes ler o I Never Left Home, o magnífico livro de crónicas que escreveu sobre o tempo que passou a animar as tropas norte-americanas durante a II Guerra Mundial. Querem humor? Leiam o Straight Man, do Richard Russo; Lucky Jim, do Kingsley Amis; Rumpole Rest His Case, do John Mortimer; Agents and Patients, do Anthony Powell. Ou, por exemplo, leiam o Thank You For Smoking do Christopher Buckley e depois vejam o filme que acaba de estrear, adaptando o romance. E vejam a diferença entre a obra literária e o filme. O primeiro é trufas, o segundo é pipocas. A cultura mediática em que vivemos estupidifica, não tenhamos dúvidas. Aprecio tanto ver televisão inteligente e bem escrita as the next guy. Aliás, hoje em dia é muito mais fácil encontrar ficção bem escrita e inteligente na televisão do que no cinema. Mas remeter o humor ao que se faz na televisão e no cinema é trágico.
Se já não tenho avó que me gabe, gabo-me eu! *






Não percam, todas as quintas-feiras, no quiosque mais perto da vossa casa, a defesa que eu e o meu irmão fazemos do grande Futebol Clube do Porto n'A Bola. O pessoal da Esquerda gosta de defender os oprimidos e os fracos. Eu, como não sou de Esquerda, gosto de defender os poderosos e os fortes. São gostos.



* ditado barranquenho

outubro 02, 2006


Para encontrar este, mais valia não terem saído de casa


Os Descobrimentos. Todos nós já ouvimos falar deles. Aliás, não ouvimos falar de outra coisa toda a nossa vida. Se bem me recordo, no meu jardim de infância ensinavam-nos a desenhar, a brincar e encontrar o caminho marítimo para a Índia. Mas de todas as ideias feitas com que nos bombardeiam sobre essa época de ouro da História de Portugal, nenhuma me espanta tanto como o mito – ou a teoria da conspiração, para usar linguagem mais actual – das extraordinárias capacidades negociais de D. João I. Todos nós já ouvimos essa lenga-lenga. Aparentemente, D. João I tinha em seu poder informações confidenciais que fizeram com que insistisse para que a linha que separaria os territórios a descobrir pelos portugueses e pelos espanhóis fosse alargada algumas centenas de milhas para leste, no Tratado de Tordesilhas. Apesar disso, os Ingleses ficaram com a maior parte do que é hoje os EUA e com a Austrália, os Espanhóis ficaram com o México, a Califórnia, o Texas e quase toda a América Latina. Nós ficámos com Cabo Verde e a Guiné-Bissau. Imaginem se D. João I não tivesse informações confidenciais. Para além do mais, se tivermos em consideração que os marinheiros não faziam a mínima ideia daquilo que tinham na frente, tecnicamente não descobriram coisa nenhuma. Se eu estiver a caminhar num jardim e tropeçar numa moeda, eu não descobri a moeda, eu encontrei-a. Os menos rigorosos podem dizer que é apenas uma questão de semântica, mas não é (aos cépticos, lembro o exemplo de um amigo meu, que insistiu com os pais que a diferença entre ser homossexual ou heterossexual era apenas uma questão de semântica). Na realidade, os descobrimentos deviam chamar-se os encontramentos. Mas talvez devido à semelhança com a palavra afrontamentos, essa denominação tenha sido preterida a favor de uma menos rigorosa, porém menos embaraçosa. Mas tudo isto começou, claro está, no início do século XIV, quando os portugueses decidiram ir para Marrocos. Os europeus davam à costa africana em barcos frágeis e os africanos diziam, uns para os outros, Pelas barbas do Profeta, mais imigrantes ilegais!
98% das crianças querem ser o Mário Crespo quando crescerem


Por vezes, na escuridão da noite, uma dúvida ataca-me: porque é que, todos os anos, milhares e milhares de jovens saem das Faculdades de Jornalismo, directamente para o desemprego, como refugiados a fugir de um genocídio? A minha questão é: em dez anos, será que ainda sobra alguém em Portugal que não seja jornalista? E nessa altura como é que vai ser? Quem é vai ser entrevistado? Vão estar dezenas, centenas de jornalistas numa conferência de imprensa e depois não aparece ninguém.

Se eu tivesse de ouvir os álbuns dele, também ficava com lágrimas no canto do olho



O cantor angolano Bonga comemorou a semana passada 50 anos de carreira com um concerto na Aula Magna, repleta dos seus concidadãos angolanos. Porém, parece que a confusão se instalou quando os responsáveis da Aula Magna obrigaram os espectadores a deixarem as próteses no bengaleiro.

Talvez agora já passem os GNR



Foi esta semana apresentada a nova Renascença, apostada em rejuvenescer a sua imagem e atingir um público entre os 35 e os 55 anos (leram bem, 55 anos de idade). Como primeira medida, foi anunciado um programa que se espera que seja “o Curto Circuito da Renascença”, onde o novo público-alvo da estação poderá discutir abertamente, num tom informal, problemas como a menopausa, a andropausa e a complicações relacionadas com a próstata.

outubro 01, 2006

Eu sei que o Nuno Rogeiro gosta de mostrar que percebe de música clássica, mas não era preciso ter ido com um retrato do Beethoven ao cabeleireiro...

Para quando uma retrospectiva do Jackass na Cinémathèque Française?


Os franceses sempre gostarem de considerar geniais actores e realizdores norte-americanos que nos EUA natal eram vistos como idiotas ou inconsequentes. Tudo para provar que os norte-americanos são um povo pouco subtil, que não consegue ler entre as entrelinhas, que não alcança a meta-linguagem. Pois bem, eis a nova descoberta dos intelectuais gauleses...