fevereiro 23, 2006



Andou o Homem a evoluir durante milhares de anos para isto...


Como todos sabemos, o Parque de Campismo é desprezado por todos as pessoas de boa vontade. Deve-se desconfiar de qualquer pessoa que decida passar três semanas da sua vida rodeado de formigas e mosquitos. Porém c’est la vie, como aumento do desemprego, cada vez mais portugueses têm de recorrer a este método radical de passar férias. No fundo, estar num parque de campismo é como viver num subúrbio, apenas que num parque de campismo você é obrigado a conhecer os seus vizinhos, uma vez que todos despejam lixo e excrementos no mesmo lugar. Numa situação dessas, enquanto se despeja um penico para uma vala comum, é natural que surjam amizades, aqueles vínculos fortes e duradouros que apenas acontecem entre duas pessoas que sobreviveram a experiências traumáticas, como a guerra ou uma revista do Parque Mayer. Mas não espere que os seus novos e provisórios vizinhos se apresentem. Seja pró-activo.

- Não coloque na sua aparelhagem músicas que possam irritar os seus vizinhos. Escolha músicas absolutamente idóneas, que não aqueçam nem arrefeçam ninguém, autênticas músicas de elevador que, quando acabam ninguém sequer notou que começaram. Por exemplo, aquele single… o coiso… enfim, não me lembro.

- Use t-shirts de Associações, como a Associação de Amigos do Parque de Campismo da Costa da Caparica ou a Associação de Moradores da Cova da Moura ou a Associação de Whatever de Bubblefuck. Estas t-shirts indicam aos seus vizinhos que você é uma pessoa sociável em quem se pode confiar a filha de 16 anos e talvez mesmo o filho de 14.

- Cole na sua auto-caravana um autocolante da discoteca Penélope, em Benidorm, aquela mulher com um chapéu preto a esvoaçar. Isso mostra que vocês todos partilham um background de experiências patéticas e noites passadas no quarto, em casa dos pais, a masturbarem-se, enquanto pensavam naquela rapariga com quem quase meteram conversa na escola secundária.

- Ao fazer marcha-atrás com a autocaravana, não atropele e esmague a caixa torácica do filho de 8 anos do seu vizinho;

- Não discuta política com o seu vizinho. De qualquer maneira, se ambos estão num parque de campismo e têm mais de 40 anos, são apoiantes do PCP. Se tiverem menos de 40 anos, ambos são apoiantes do Bloco de Esquerda. Por isso, como não existem muitas possibilidades de encontrarem o Nuno Melo a despejar um penico, não deve ser muito difícil não discutir por causa de política.

- Não coma a mulher do seu vizinho. Não por ser moralmente errado, porque não é, mas porque numa auto-caravana é bastante óbvio o que vocês estão a fazer. Caso tenha necessária e desesperadamente de lhe saltar para a espinha, porque lhe está mesmo com vontade e ela está mesmo a pedi-las, opte por sexo oral, cujas ondas de choque são mais facilmente absorvíveis pela suspensão das auto-caravanas e pela areia do parque.

- Coloque no retrovisor um emblema do SL Benfica. Está cientificamente provado que todas pessoas que escolhem Parques de campismo são adeptos ou sócios do Benfica.

- Comece pelo menos uma frase com “aqueles cabrões levam tudo e para o zé povinho não sobra nada”.

- Num Parque de Campismo, as regras civilizacionais do Ocidente são substituídas pelas regras civilizacionais do Islão, por isso cuspa para o chão sempre que possível e arrote ostensivamente depois de uma refeição.

- Leia ostensivamente o “Record”, sentado nos degraus da auto-caravana.

- Desça os seus calções, feitos de umas calças de ganga antigas e cortadas, de maneira a que se veja grande parte do seu cú. E dobre-se o mais que possa, de maneira a mostrar aos seus vizinhos o seu Grand Canyon.

- Use sempre sandálias ou havainas. Tal como deve usar t-shirts de alguma associação e nunca usar camisas Turnbull & Asser, também deve usar sandálias Continente e nunca, mas nunca usar sapatos Tricker’s de Jermyn Street, como temos a certeza que gostaria e normalmente faz. Como viu, não custa nada. Boas férias.

fevereiro 18, 2006

"Como é que se diz rotunda em canadiano?"

A Câmara de Montreal aprovou a criação de um bairro português na área de Saint-Laurent, com o objectivo de integrá-lo no plano global de requalificação da avenida Saint-Laurent, tendo o projecto um orçamento de 4,3 milhões de euros. Parece que, para que o Little Portugal seja tipicamente português, a Câmara de Montreal vai criar novo bairro desorganizado e ineficaz, onde as repartições públicas estão cheias de incompetentes mal-educados, os transportes públicos estão constantemente em greve e os passeios repletos de automóveis, merda de cão e arrumadores. Para além disso, o orçamento de 4,3 milhões de euros vai derrapar para 16 milhões de euros. E, claro, no pequeno bairro vão ser construídas 75 rotundas.


Check Out

Freddie Laker, pioneiro das companhias de aviação low cost, morreu, aos 83 anos. Se o homem tiver sido fiel aos seus princípios, o caixão onde foi enterrado deve ter sido meia-dúzia de tábuas pregadas, sem forro de cetim, almofada ou qualquer outra comodidade.

Onde é que estão as FARC quando são precisas?

O inefável Gabriel Garcia Marques confessou que está com um bloqueio de escritor. Qualquer amante da literatura deve abrir uma garrafa de Raposeira, já que nada que o colombiano faça justifica uma Veuve Clicquot. Acabaram-se os Aurelianos, os amantes perseguidos por borboletas, os coronéis, o diabo a quatro. A detestável Macondo foi varrida do mapa, como se fosse Hiroshima. Talvez o Governo de Álvaro Uribe pudesse trocar o Gabriel Garcia Marques por meia dúzia de reféns das FARC. E se as FARC quiserem executar o inútil, bem, o Gabriel Garcia Marques, diante do pelotão de fuzilamento, pode sempre recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.
Se isto continua assim, qualquer dia os países africanos ainda têm bandeiras monocromáticas



A Taça das Nações Africanas acabou. Muitos comentadores queixam-se da falta de organização do torneio. Eu, pelo contrário, acho que está demasiadamente organizado. A CAN devia apelar às suas verdadeiras raízes. Por exemplo, na final do torneio, em vez de distribuírem medalhas pelos jogadores que conquistarem o troféu, deviam distribuir as orelhas do adversário. E no grande momento apoteótico, em vez de o capitão da equipa levantar uma taça de prata, devia levantar a cabeça decepada do treinador da equipa derrotada. Ver, por exemplo, um Didier Drogba a dar uma volta ao estádio com a cabeça do Roger Lemérre debaixo do braço, ora aí está algo que eu gostava de ver o Rui Santos comentar.

fevereiro 14, 2006


Sou só eu que acho isso ou o Bénard da Costa parece mesmo o Maomé?

De todas as teorias sobre as caricaturas de Maomé, a mais recorrente e geralmente aceite em Portugal é a de que os actos de violência perpetrados por muçulmanos são realizados por meia-dúzia de fanáticos wahabitas (normalmente não se usa esta palavra, mas “fundamentalistas”, pois saber o que é o wahabismo ou o Kitâb at-Tawhid pressupõe um conhecimento sobre a história do Islão que os nossos comentadores políticos, excepção feita a honrosas excepções, manifestamente não têm, o que não os impede de arrotarem mais postas de pescada do que a Pescanova), severamente condenados, no íntimo, pelos quase dois mil milhões de muçulmanos que existem no mundo. Vamos lá ver essa teoria mais de perto, usando termos de comparação. Como adepto do Futebol Clube do Porto que sou, estou habituado a ser olhado em Lisboa, cidade onde vivo há doze anos, como um membro de uma seita perigosa e incontrolável, sendo o Jorge Nuno Pinto da Costa uma espécie de Muhammad ibn ‘Abdel Wahab do futebol nacional. Para provarem esta teoria, citam-se os Super Dragões que, quais operacionais da al-Qaeda, costumam destruir áreas de serviço nas auto-estradas e recentemente incendiaram o automóvel do treinador Co Adriaanse. Tal como se defendeu os muçulmanos, também se levantaram vozes de condenação a este acto bárbaro e lembrou-se que, na sua esmagadora maioria, os adeptos do Futebol Clube do Porto são pessoas pacíficas, com empregos e famílias, que vibram desportivamente com o clube do seu coração. A grande diferença é que, no caso do ataque ao Co Adriaanse, os primeiros a condenar o ataque foram comentadores que admitem publicamente serem adeptos ou mesmo sócios do Futebol Clube do Porto. Mas essa é a grande diferença entre ser do Futebol Clube do Porto e ser muçulmano. Onde estão, no mundo árabe, os Sousa Tavares que condenam a violência contra as embaixadas europeias? Onde estão os Guilhermes Aguiares que repudiam todos os actos da al-Qaeda? Onde estão os comunicados oficiais dos Pintos da Costa a decretarem heréticos os senhores Osama bin Laden e Abu Musab al-Zarqawi? Sim senhor, o Kitâb at-Tawhid – o livro de comentários escrito por Muhammad ibn ‘Abdel Wahab – contradiz em muitas passagens o próprio Corão e foi, no seu tempo, condenado como herético pelos sábios de Meca. O problema é que, a julgar pelo silêncio cúmplice dos dois mil milhões de muçulmanos sobre o terrorismo islâmico, alguém lhes devia lembrar isso. Ah, pois, já me esquecia… Os muçulmanos moderados, essa enorme multidão de mártires, não condena a violência porque vivem sob o jugo de ditadores sanguinários que os impedem de se expressarem livremente. É por essa razão que os quase cinquenta milhões de muçulmanos que vivem na Europa não condenaram, exceptuando meia-dúzia de vendedores de fruta que os jornalistas europeus conseguiram a custo encontrar, os atentados que se realizaram em Nova York, Bali, Madrid ou Londres. Porque viviam sob o jugo de ditadores sanguinários, como o Tony Blair, o José Maria Aznar, o Jacques Chirac ou o Gerard Schroeder, que os impediam de se expressarem livremente. Curiosamente, os únicos líderes muçulmanos que condenaram, desde 2001, todos os ataques terroristas e que proclamaram heréticos os senhores da al-Qaeda foram aqueles que vivem nos Estados Unidos da América. Ele há coincidências espantosas.

fevereiro 12, 2006


"Eu já namorei com a mãe da Pimpinha?! Fosga-se, que desperdício!"


Um grupo de cientistas do King's College, em Londres, quer avançar com a clonagem de embriões a partir de óvulos de coelhos e ADN humano. Alguém os devia avisar que bastava virem a Portugal recolher o ADN do Santana Lopes.

fevereiro 11, 2006


Amaro da Costa, perdoa-lhe; ele não sabe o que faz...


Desde o Freitas do Amaral ao Vitalino Canas, parece que todos os responsáveis governativos portugueses resolveram equiparar a publicação de cartoons satíricos sobre o Islão com a reacção concertada de violência e intimidação dos governos (salvo seja) islâmicos do Médio Oriente. No fundo, a desculpabilização dos muçulmanos segue a mesma lógica que antigamente se usava na defesa de qualquer homem quando uma mulher era violada: Ó senhor, doutor, ela estava mesmo a pedi-las! É isto que se limitam a dizer sobre a Dinamarca os novos governantes. O Com aquela mini-saia, com aquele decote, com aquele descaramento, agora diz-se com aquela irresponsabilidade, queriam o quê? é o Com aquela mania das liberdades cívicas, com todo aquele clima de tolerância, com um Estado que não manda nas opiniões das pessoas e das instituições privadas, queriam o quê? de agora. As mulheres de mini-saias dos anos 60 e os países europeus mais evoluídos estão, no fundo, mesmo a pedi-las. Não há diferença nenhuma entre o Freitas do Amaral que aconselha cuidadinho na língua aos europeus e o marido que obriga a mulher a colocar um xaile em cima do vestido decotado. Para além do mais, não se entende porque Freitas do Amaral, no seu humilhante pedido de desculpas ao Islão, lembra Abraão. Devia lembrar Jesus Cristo, aquele que oferecia a outra face, quando esbofeteado. O velho Abraão, convém lembrar, lutou corajosamente contra o rei Nimrod, que discordava (se é que de alguém que manda queimar vivo o seu opositor se pode falar de “discordar”) do seu monoteísmo. Abraão lutou com todas as forças do seu ser, ao contrário do que fez Freitas do Amaral. Mas se o nosso MNE lembra o primeiro profeta, deve ser porque Abraão quer dizer, em hebreu, pai de uma multidão. Mais concretamente, no caso do nosso MNE e dos seus acólitos socialistas, uma multidão de imbecis, a tal confederacy of dunces de que apropriadamente falava Swift. Já agora, convém lembrar que Abraão acabou por não conseguir derrotar os seus fanáticos opositores e teve de abandonar Ur, partindo em busca da Terra Prometida. Felizmente para nós, há voos regulares para Nova York todos os dias.

PS: Por falar nisso, depois de Viriato e D. Afonso Henriques, nem é preciso dizer sobre quem Freitas do Amaral escreverá a sua próxima peça de teatro. Lá vamos ter de levar com o Ruy de Carvalho a fazer de Maomé.

fevereiro 10, 2006


O Noé também deixou meia dúzia deles no sopé do monte Sinai

Está a chegar o Carnaval. Milhares de portugueses vão aproveitar os feriados para tirarem umas mini-férias. Mas existe sempre o mesmo drama – onde deixo o meu animal de estimação? Onde deixo o Bambi? O que faço com o Bubble? Para que caixote do lixo atiro o Kitty? Não se preocupem com isso, vou explicar-vos o que fazer. De qualquer maneira, vocês devem mas é preocupar-se com aquele memorando que viram, na fotocopiadora da vossa empresa, sobre downsizing.

- Deixe o seu cão num restaurante chinês e pode ter a certeza que ele fica bem acompanhado. Nomeadamente, por rebentos de bambu e cogumelos.

- Troquem o cão em Chelas por uma dose de qualquer droga recreativa. Um Pitt-Bull não vai fazer qualquer falta em Vilamoura, ao contrário de umas pastilhas de esctasy.

- Deixem o gato na casa de algum familiar. Não apenas resolvem o problema de onde o deixar durante as férias como, por alguns dias, não parecem gays.

- Atirem o peixinho dourado pela sanita. Desta maneira, ele vai viver aventuras fascinantes, conhecer grandes amigos, encontrar uma peixinha-vermelha por quem se apaixona, ter muitos peixinhos-vermelhos e ser feliz para sempre. Ou pelo menos é o que a Pixar anda a dizer há anos.

- Chamem ao vosso cão “Hitler” ou “Osama”. Assim não vão sentir tantos remorsos quando o deixarem morrer à fome.

- Segundo os últimos estudos, todos os pássaros descendem dos dinossauros. Por isso, não se sintam mal por abandonar o canário. De qualquer maneira, ele já devia estar extinto.

- Considerem como animal de estimação o parasita que têm no intestino. Esse, podem ter a certeza que não vos vai abandonar nos próximos tempos.

- Racionalizem a decisão de atirar o gato pela 10º andar do seu prédio, lembrando que os gatos têm 7 vidas.

- Pensem desta maneira: ao longo de todos estes anos, o que é que o gato fez por vocês, afinal de contas?!

- Sejam misericordiosos ao abandonar o vosso cão e deixem-lhe uma lata de comida. Depois, arrependam-se de nunca terem ensinado o vosso cão a mexer com um abre-latas.

- Sabem aquelas semanas em que ensinaram o vosso cão a sentar, deitar, rolar e fingir de morto. Agora ele não vai precisar de fingir.

- Por muito que tentem abandonar o cão, ele parece voltar sempre para o vosso lado. Infelizmente, isso deve-se ao facto de ele ser um cão-polícia e vocês terem engolido cinco preservativos cheios de cocaína.

- Antes de abandonarem o vosso cão, expliquem-lhe bem as razões, tendo uma longa e séria conversa com ele. E não liguem quando ele insistir convosco para assassinarem o Presidente da República.

- Depois de abandonarem o vosso cão, encontrem consolação no facto de, todos os anos, milhares de cães-guia abandonarem o seu cego, antes de irem de férias para o Algarve.
"Uma cama do Club Med é um caixão com molas"!

Para pessoas como o Miguel Sousa Tavares, a perspectiva de passar duas semanas num resort assusta tanto como passar duas semanas em casa da Maria Teresa Horta. São aquelas pessoas que não gostam de se chamar “turistas”. São “caminhantes”, “caminhadores”, “passeantes”, o diabo a quatro. Felizmente, pessoas assim são fáceis de topar. Basta conversar cinco minutos com uma. Se nos primeiros dois minutos essa pessoa citar o “Cântico Negro” do José Régio e disser, entre duas baforadas de tabaco sem filtro, Não sei por onde vou, não sei para onde vou; sei que não vou por aí, estão na presença de um caminhante. O caminhante mais culto poderá mesmo citar o ditado espanhol caminero, no hay caminos, hay que caminar, preferencialmente quando estiver a contar a vez que fez o caminho de Santiago sozinho, com uma mochila às costas e uma máquina fotográfica, comendo mais vieiras do que as lontra do Oceanário de Lisboa. Ser apanhado nas teias de um caminhante pode revelar-se uma experiência de Verão semelhante à picada de um peixe-gato, pelo que vou ajudar-vos a identificar os caminhantes, para que possam fugir deles como fugiriam de um funcionário das Finanças. De um modo geral, vocês estão na perigosa presença de um caminhante quando a pessoa que se sentou ao seu lado:




- Tem a tira-colo uma máquina fotográfica Leica manual. Esteja atento
ao pormenor de a máquina ser manual, pois para o caminhante a máquina fotográfica automática ou digital fez mais mal ao mundo do que o Rudolph Hess. E atenção à lente. O pormenor da lente é mais importante do que parece. O verdadeiro caminhante tem uma câmara de não necessita de zoom, porque a lente é tão comprida que se aproxima do objecto mesmo sem recorrer a esse dispositivo. Por isso, se o melga tiver uma lente do tamanho do pénis do John Holmes, diga que vai ao WC e fuja pela janela ou, em caso de emergência, pela sanita.








- Tem sempre no bolso um caderno da famosa marca Moleskine, aqueles pequenos cadernos de apontamentos, com capa de cabedal preta, que todos os grandes caminhantes usaram, desde o Blaise Cendras ao Bruce Chatwin, passando pelo Céline e (como não?...) o Hemingway. Usar um caderno Moleskine diz imediatamente eu acabei e chegar da Patagónia, enquanto um caderno de apontamentos da Verbo Editora diz eu acabei de chagar da estação da Alameda. Quem anda com um Moleskine no bolso pode considerar-se um caminhante profissional, pois tem a veleidade de ser um contador de histórias. Prepare-se portanto para horas e horas de mentiras e exageros que vão fazer a eutanásia paracer-lhe um bom programa para o fim-de-semana.






- Tem sempre tabaco que não lembra ao diabo. O caminhante não fuma Malboro Lights ou SG Gigante. Nem pensar. O caminhante fuma sempre cigarros açorianos ou cabo-verdianos ou o raio que o parta, invariavelmente o último maço de um pacote que comprou na Tax Free Shop de algum aeroporto, vindo de algum país exótico, repleto de doenças transmissíveis por picadas de insectos. Para além disso, o caminhante fuma sempre cigarros sem filtro, pois o filtro simboliza a industrialização e a falta de contacto com as raízes e as tradições humanas. Pelo contrário, o caminhante gosta de estar em contacto directo com todos os aditivos, produtos químicos e petróleo de um cigarro, tal como supostamente fazia o avô. Deve-se evitar esta espécie de pessoa por muitas razões. Para lá de ser um chato, o mais provável é que, algures no meio da história sobre uma tribo perdida da Guiana Francesa, você leve com um pedaço de tabaco na fronha, cuspido pelo caminhante. Se lhe entrar no olho, você pode mesmo cegar. Mas de entre todos os caminhante fumadores de tabaco sem filtro, existe a espécie mais perigosa, o tubarão branco dos caminhantes fumadores de tabaco sem filtro…

- … o caminhante que enrola o próprio tabaco. Para pessoa normais, como eu e vocês, não faz sentido gastar uma pequena fortuna num produto que a médio prazo nos vai matar ou, na melhor das hipóteses, abrir um buraco na garganta e obrigar-nos a falar como o Dark Vader durante o pouco que vai sobrar das nossas meseráveis vidas, para pessoas normais, dizia, não faz sentido comprar um produto assim e ainda por cima ter de manufacturá-lo. o mínimo que se exige de um produto que nos vai matar é que já esteja feito. Seria como fazer para um assassino as balas com a qual nos vai estoirar os miolos. Mas não para o caminhante. Para o caminhante, enrolar o tabaco diz apesar de eu ter uma profissão stressante (como jornalista ou publicitário) não me rendo às leis frenéticas da vida quotidiana e tomo o meu tempo, domando o Tempo como um gaucho argentino doma o seu cavalo selvagem nas verdes pastagens da Patagónia, coloco freios no Tempo e domino-o, fazendo caminhar a meu favor, como uma amante agradecida. Sim, é exactamente isto que está a pensar aquele bêbedo que está sozinho numa mesa do Estádio, no Bairro Alto. Ele não é um falhado. Ele é um caminhante. Tenham cuidado, amigos.

- Tem muitos bolsos. O caminhante tem tantos bolsos como um gay tem discos da Madonna. Supostamente traz nos bolsos tudo o que necessita para sobreviver em ambientes inóspitos, como a Amazónia ou a Cova da Moura. Os bolsos poderão estar repartidos pela camisa (2), as calças de khaki (6) e colete de repórter de guerra (12). Na realidade, os bolsos têm apenas o papel vegetal com que vieram da loja da Malboro Classics das Amoreiras, para não perderem a forma. Apenas três bolsos têm de facto algum objecto, a saber, um maço de tabaco semfilto e respectiva caixa de fósforos (nunca, mas nunca um isqueiro de plástico), o caderno Moleskine e…
- … o canivete suiço. O objecto que mais simboliza o caminhante. Quem não marca as suas férias pela Halcon e vai de avião para Maiorca, precisa de um canivere suiço para fazer frente a todos os perigos que o esperam no Terceiro-Mundo, desde guerrilheiros independentistas a piranhas. Na realidade, o canivere apenas serve para abrir Sagres de 33 cl, mas a maior utilidade dele, para o caminhante, é a extraordinária quantidade de mentiras que saem quando se abre. Se a pessoa que estiver ao vosso lado colocar em cima da mesa um Victorinox, agarrem a porra do canivete, abrem o garfo (se o conseguirem encontrar) e arranquem-lhe o olho, como fariam a uma cabeça de garoupa, aproveitando a manobra de diversão para se escapulirem.



- Tem roupa militarista. O caminhante usa estas roupas porque são mais práticas para andar na selva, ainda que o caminhante passe a vida a fazer o trajecto Estoril-Lisboa. O caminhante gosta de usar roupas de cores pastel, como botas Timberland, calças Malboro Classics, camisas Camel e colete de repórter de guerra Banana Republic. Para além disso, todos os acessórios de um caminhante são de cabedal, desde o cinto à carteira, passando pelo porta-chaves e o isqueiro Zippo forrado a cabedal. Por cada caminhante, em média, é necessário esfolar duas vacas. Durante o seu percurso natural de vida, um caminhante é responsável pela morte de mais bovinos do que o Pedrito de Portugal. Mas existem roupas mais perigosas do que outras…





- … pois de todos os itens de roupa que marcam o caminhante, existem dois que assinalam a sua presença como o colete-reflector oferecido pelo “24 Horas” assinala a presença dos transeuntes. O primeiro é a t-shirt do Hard Rock Café. Sim, caros amigos. Enquanto o bimbo, o turista de excursão (que o caminhante odeia mais os membros do gang que lhe violassem a mulher) usa t-shirts do Hard Rock Café New York, do Hard Rock Café Paris ou do Hard Rock Café London, o caminhante usa t-shirts do Hard Rock Café Beirute ou do Hard Rock Café Rabat, para bater o turista no seu próprio terreno e mais claramente mostrar a diferença abismal que os separa. A t-shirt Hard Rock Café Bagdad tem, claro, um sub-extrato irónico, como quem diz sim, eu sei que usar t-shirts do Hard Rock Café é coisa para bimbos que se casam em Las Vegas, mas é precisamente por isso que eu estou a usar essa t-shirt, para provar que sou irónico e kisch, ao mesmo tempo que mostro que sou um caminhante que sai do trilho de carneiros para se aventurar pelas moitas. Porém, de todas as peças de roupa que caracterizam e assinalam o caminhante, existe uma de entre todas de que devem fugir como o diabo da cruz – a t-shirt do Peter Café Sport, vulgo Peter’s. Se ao vosso lado se sentar uma pessoa com uma t-shirt com um cachalote e os dizeres Peter Café Sport, dentro de um nó de marinheiro, preparem-se para o ouvir falar, durante horas, sobre o melhor gin tónito do oceano Atlântico, que apenas o senhor José Azevedo sabe fazer, sobre a tradição do scrimshaw e da hipocricia que foi proibir a pesca de meia-dúzia de baleias nos Açores quando países como o Japão continuam a manter a sua pesca industrial, usando arpões explosivos, blá, blá, blá, blá, blá. De todos os caminhantes que que podem encontrar na vossa vida, o caminhante que tem a mania que é um lobo do mar é o mais perigoso e pode levá-lo, qual Virgílio conduzindo Dante pelos nove círculos do Inferno, à mais excruciante noite da sua vida. Não se admire se acabar, com o bar completamente vazio, exceptuando um barfly que está a dormir num canto do balcão, a ouvir o caminhante cantar 99 bottles of beer on the wall, 99 bottles of beer. Take one down, pass it around, 98 bottles of beer on the wall, hay!

Muitos outros conselhos podia dar, mas o maior conselho é o seguinte: marquem sempre as vossas férias num Club Med e converse animadamente com a pessoa que trabalha no departamento de contabilidade da sua empresa e que, como não!, também lá está a torrar ao sol e a beber cocktails efeminados. E não tenha complexos de culpa por não estar a chupar o tutano da vida. Enquanto você está deitado numa espridiçadeira a beber daiquiris e a ouvir as Destiny Child pelos altifalantes da piscina, aquele caminhante que o chateou no English Bar de Cascais, com um pouco de sorte, está a ser devorado por um Dragão de Komodo.


The horror... the horror... the... horror...

Os sobreviventes do arrastão de Carcavelos fundaram uma associação, a Associação dos Sobreviventes do Arrastão de Carcavelos (ASAC). Ao que apurei, esta associação funciona como qualquer uma associação de antigos combatentes do ultramar, marcando reuniões e convívios que ajudem os seus membros a lidarem com as experiências traumáticas que sofreram. “Até hoje, quando vejo um negro num restaurante ou num bar, atiro-me para o chão, gritando e esbracejando,” explicou-me o sobrevivente Pedro Góis.

“Desde o arrastão que apenas consigo adormecer com recurso a cápsulas de morfina, pois mal fecho os olhos e vejo toda aquela escuridão, penso que estou mais uma vez mergulhada no arrastão e entro em pânico”. Os mais veteranos, que estiveram no arrastão desde o início, estão certos que apenas quem passou por aquelas experiência pode realmente entender o que eles sofrem. Assim, a ASAC vai organizar este fim-de-semana o I Convívio dos Veteranos do Arrastão, na praia da Rocha, em Portimão. O jantar comemorativo será animado pelo grupo rockabilly “Ku Klux Klan”, que tocará temas como “Hate The Nigger Lover”, “Apartheid Live” ou “Monkey Bussiness” do álbum “I Fucking Hate Fried Chicken, Ribbs and Watermelon”. “Todos aqueles que sobreviveram ao arrastão estão convidados para este convívio, bem como os seus familiares,” explicou Paulo Amaral, presidente da ASAC. “Vamos comer, beber e celebrar a memória de todos aqueles que não tiveram a nossa sorte,” explicou o servente de pedreiro, que mostrava com orgulho a tatuagem Carcavelos, 2005.

fevereiro 09, 2006


A excelência dos conteúdos é da NBC; o salário é do Mário Crespo


O mundo mudou nos últimos cinco anos, acompanhados de perto pela SIC Notícias, que cumpriu cinco anos de existência. Em altura de balanços, ficam alguns números que servem para explicar o sucesso do arriscado projecto de Francisco Pinto Balsemão.

- A palavra “défice” foi referida 1 000 000 000 000 de vezes pelos apresentadores e convidados nos últimos cinco anos;
- Os momentos mais chocantes transmitidos pela SIC Notícias foram a degolação do refém britânico Kenneth Bigley no Iraque e o debate entre Carmona Rodrigues e Manuel Maria Carrilho em Lisboa;
- 10 000 000 000 foi o número de vezes que Mário Crespo bajulou de forma canina os seus convidados ou empregadores nos últimos três anos;
- “Classic Music Greates Hits”, da La Redoute, foi o CD mais utilizado na SIC Notícias para promover os seus noticiários, usando imagens de grandes tragédias, como o 11 de Setembro, o tsunami asiático ou o furacão Katrina;
- 50 quilos de gel foram utilizados pela SIC Notícias para pentear o comentador desportivo Rui Santos nos últimos anos.

A mais nova está a pensar no Catarina Furtado...

Depois de muitos impasses, a Ordem dos Psicólogos deverá finalmente arrancar em 2007, um velho anseio de todos os profissionais da área. Aposto que, em vez de criticarem o Governo pelo atraso, os psicólogos devem culpar as próprias mães, cujas sombras castradoras lhes inibiram a virilidade e os impediram de expressarem as suas personalidades de uma maneira assertiva e adulta.

"Se quiser factura, são mais 50 euros..."

Milhares de trabalhadores europeus, entre os quais duas centenas de portugueses, estão a preparar-se para uma mega-manifestação em Estrasburgo, no dia 14 de Fevereiro, em frente ao Parlamento Europeu, para protestarem contra a aprovação da Directiva Bolkestein, que visa a criação de um mercado interno, dentro da UE, para os serviços. Tudo isto, claro está, por causa do famoso canalizador polaco. Pessoalmente, não entendo o medo aos canalizadores polacos. Se os polacos assim são tão bons canalizadores, porque é que não fecharam as torneiras de gás em Auschwitz? Para além do mais, não entendo a contestação a uma regra que possibilitará que qualquer prestador de serviços, a operar num país diferente do seu, esteja unicamente sujeito à lei do seu país de origem. Está bem que pode surgir dumping social, mas por outro lado poderíamos ter em Portugal, a preços módicos, os políticos dos países de Leste, que se têm mostrado bem mais competentes do que os nossos. Para não falar, claro está, dos argumentos patrióticos que se levantam nesta discussão. O que é que me importa se o homem que vem à minha casa arranjar o autoclismo é português ou polaco? Deveria oferecer jantar ao canalizador, só porque é português? Enfim, há sempre a hipótese de se criar uma denominação de origem demarcada para os canalizador portugueses.

Comparado com esta, o Kierkegaard era a Paris Hilton...

Continuando a falar de cinema português, o Reino Unido está chocado com a história de Jenny, uma escocesa de onze anos de idade, aluna escola primária católica de Glasgow, dependente de heroína, a quem a própria mãe, também ela toxicodependente, fornece a droga, as seringas e o garrote. A criança estava numa aula quando começou a sentir convulsões e, para espanto da professora e das colegas, teve uma overdose. A minha dúvida é: será que os realizadores portugueses estão a dormir?! Por amor de Deus, alguém que avise a Teresa Villaverde, o Pedro Costa ou o João Pedro Rodrigues para falarem com a mãe da Jenny e, por meia dúzia de chinesas, comprarem os direitos desta história escabrosa. Tem garantidos um subsídio do ICAM e um prémio dos jornalistas em qualquer festival europeu, de Locarno, Gelsenkirchen ou o diabo a quatro.

"Um filme sobre um homem do lixo que se disfarça de Homem-Aranha e passa 90 minutos a levar no cu no meio das lixeiras?! Vou já comprar pipocas!"

Segundo um estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade de Medicina de Maryland, nos Estados Unidos, publicado na conceituado revista científica “Heart”, os filmes dramáticos prejudicam a saúde dos espectadores. Ao verem a comédia There's Something About Mary, dos irmãos Farrelly, todos os voluntários apresentaram valores normais de tensão arterial, colesterol e açúcar no sangue. Pelo contrário, ao visionarem o drama Saving Private Ryan, do Steven Spielberg, os voluntários experimentaram um decréscimo do fluxo do sangue ao coração na ordem dos 35%. Agora imaginem o que os espectadores incautos experimentarão ao verem um filme da Teresa Villaverde, com prostitutas que injectam as filhas enquanto estas têm um aborto num vão de escada do Casal Ventoso, aguardando que chegue o marido da filha, toxicodependente e alcoólico, que mantém relações sexuais com a sogra e a quem transmitiu HIV e herpes labial. É de admirar como é que os espectadores não são vítimas de um ACV antes da primeira imagem gratuita de alguém a injectar-se com uma seringa usada. Para bem da saúde pública, os filmes portugueses deviam trazer um aviso, como nos maços de tabaco, a avisar do seu efeito nocivo para a saúde, como VER UM FILME PORTUGUÊS PODE MATAR ou VER UM FILME PORTUGUÊS PODE CAUSAR DOENÇAS CORONÁRIAS. Afinal, se comem uns, comem todos. Por outro lado, se as comédias são benéficas para a saúde, assistir a um filme do Manoel de Oliveira deve curar o cancro.
PEDRO TADEU GOES TO WASHINGTON


Toda a semana, em todos os jornais e demais meios de comunicação social, desde o “Expresso” ao “24 Horas”, passando pelo jornal do LIDL e a revistas de tauromaquia, dezenas de directores, comentadores e cronistas escreveram editoriais, comentários ou crónicas sobre a liberdade de expressão, lembrando que para os países ocidentais esta seria um valor supremo, tão supremo como Allah para os muçulmanos. Pessoas houve que, descontentes com o estado de coisas e cientes da First Amendment da Bill of Rights, a que decide que o senado dos EUA shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, resolveram lembrá-la nos jornais, aproveitando para tal o obituário de algum parente próximo, recentemente falecido. Nas revistas de sociedade deu-se descanso às peles da Lili Caneças para se escrever corajosas defesas da liberdade de expressão, reminiscentes do discurso final do Gary Cooper no Meet John Doe do Capra, com os jornalistas a revelar o individualismo casmurro e heróico do mesmo Gary Cooper no The Fountainhead, do King Vidor. Até a Pimpinha Jardim e a outra do lado, n’O Independente, aquela posh que apenas fala de pensos higiénicos e sexo, devem ter lembrado o Isaiah Berlin e o H. L. Mencken. Se isto continuar por muito tempo, ainda vamos ter saudades do tempo da censura e suspirar por um Patriot Act.

fevereiro 07, 2006


Much ado about nothing

Para todo este problema das caricaturas de Maomé existe, na verdade, uma solução simples. Bastava que cristãos, judeus e muçulmanos renunciassem às suas religiões e abraçassem o animismo, como ainda se pratica oficialmente em diversos países africanos. Se a raiz do problema reside no facto de três grandes religiões partilharem o mesmo Deus e basicamente os mesmos profetas, tendo sobre eles diferentes tradições, tabus e sentimentos de propriedade emocional e moral, a solução poderia estar na adoração de animais. Nada de estranho. Afinal, durante a maior parte da sua história, os homens adoraram animais, desde os homo sapiens nas cavernas aos antigos gregos e romanos. Se, por exemplo, os cristão adorassem um chimpanzé, os judeus adorassem um koala e os muçulmanos adorassem um panda, cada um poderia representá-los como lhes desse na real gana, sem ofender as restantes religiões. E o problema terminava. A não ser, claro está, que os árabes se sentissem ofendidos com o WWF, o World Wildlife Fund, por representar um panda no logótipo da associação e começassem a incendiar as suas delegações em todo o mundo.

fevereiro 06, 2006


O que faz falta são dois Torquemadas!

Edward Gibbon, no seu Decline and Fall of the Roman Empire, mostrou como uma grande civilização pode soçobrar às mãos de outra, menos avançada. A resposta precipitada dos responsáveis europeus – desde Durão Barroso a diversos primeiro-ministros de países membros da EU, incluindo, claro está, o nosso José Sócrates – à chantagem dos muçulmanos foi triste e decadente. Os laicos europeus, perante religiosos fanáticos, tremem de medo, por recearem o que desconhecem. Isto porque, ao contrário dos EUA, onde o pensamento religioso nunca abandonou a esfera pública ou a vida quotidiana dos cidadãos, os europeus esqueceram como as pessoas religiosas entendem o mundo, esqueceram como reagir perante o maniqueísmo sem ser com a condescendência dos intelectuais, mostrando que entendem tanto o pensamento dos muçulmanos como entenderiam o pensamento de extraterrestres. E assim tremem de medo. Isto, mais do que a dependência do petróleo, é a verdadeira razão da fraqueza da Europa. Podemos comprar petróleo à Rússia, à Venezuela (que os governantes europeus, ao contrário do que se passa com a Casa Branca, parecem abraçar com um entusiasmo adolescente), à Austrália. Tal como os europeus do Império Romano do Ocidente, à vista dos bárbaros, se refugiaram nas igrejas, os europeus do século XXI, à vista dos novos bárbaros, refugiam-se no politicamente correcto do relativismo cultural. E mostram aos muçulmanos que são decadentes e fracos, tão decadentes e fracos como apregoam, todos os dias, nas mesquitas e nas madrassas, os mullahs e os ayatollahs. Com a resposta dos governantes europeus, os fundamentalistas e os governantes islâmicos aprenderam uma valiosa lição: os muçulmanos colocam-se de cócoras cinco vezes por dia; os europeus colocam-se de cócoras vinte e quatro horas por dia.

fevereiro 05, 2006

Como em todos os ramos do mercado, até os queimadores de bandeiras têm de diversificar de vez em quando...

Um pouco por todo o mundo árabe, bandeiras da Dinamarca e da Noruega são queimadas sem apelo nem agravo. Por mim, fiquei satisfeito por descobrir que existem outras bandeiras inflamáveis sem ser as bandeiras dos EUA. Sempre pensei que as bandeiras da França ou da Alemanha eram feitas de amianto. Fico feliz por descobrir que estava enganado. Mas, por outro lado, fiquei bastante preocupado com todos os pequenos e médios empresários árabes que fabricam bandeiras dos EUA, para venderem a fanáticos enfurecidos nas feiras de Bagdad, Teerão ou Riade, agora com milhares e milhares de produtos em stock, parados, sem procura do mercado. Como se vê, a crise da indústria têxtil não atinge apenas Portugal.

O sub-solo angolano está cheio de Nokias

Segundo um estudo publicado pelo Instituto Angolano das Comunicações, um terço da população de Luanda com mais de 15 anos possui telemóvel e quase 80 por cento dos que ainda não têm telemóvel pretendem adquirir um aparelho a curto prazo. Estas são, sem dúvida, boas notícias. Assim, da próxima vez que algum jovem angolano pisar uma mina anti-pessoal, pode calmamente pedir ajuda por telemóvel. A não ser, claro está, que a mina seja de última geração e o sinal do telemóvel accione o dispositivo. Mas enfim, de qualquer maneira, é bom notar que os esforços da Lady Di começam finalmente a dar frutos.