fevereiro 11, 2006
Amaro da Costa, perdoa-lhe; ele não sabe o que faz...
Desde o Freitas do Amaral ao Vitalino Canas, parece que todos os responsáveis governativos portugueses resolveram equiparar a publicação de cartoons satíricos sobre o Islão com a reacção concertada de violência e intimidação dos governos (salvo seja) islâmicos do Médio Oriente. No fundo, a desculpabilização dos muçulmanos segue a mesma lógica que antigamente se usava na defesa de qualquer homem quando uma mulher era violada: Ó senhor, doutor, ela estava mesmo a pedi-las! É isto que se limitam a dizer sobre a Dinamarca os novos governantes. O Com aquela mini-saia, com aquele decote, com aquele descaramento, agora diz-se com aquela irresponsabilidade, queriam o quê? é o Com aquela mania das liberdades cívicas, com todo aquele clima de tolerância, com um Estado que não manda nas opiniões das pessoas e das instituições privadas, queriam o quê? de agora. As mulheres de mini-saias dos anos 60 e os países europeus mais evoluídos estão, no fundo, mesmo a pedi-las. Não há diferença nenhuma entre o Freitas do Amaral que aconselha cuidadinho na língua aos europeus e o marido que obriga a mulher a colocar um xaile em cima do vestido decotado. Para além do mais, não se entende porque Freitas do Amaral, no seu humilhante pedido de desculpas ao Islão, lembra Abraão. Devia lembrar Jesus Cristo, aquele que oferecia a outra face, quando esbofeteado. O velho Abraão, convém lembrar, lutou corajosamente contra o rei Nimrod, que discordava (se é que de alguém que manda queimar vivo o seu opositor se pode falar de “discordar”) do seu monoteísmo. Abraão lutou com todas as forças do seu ser, ao contrário do que fez Freitas do Amaral. Mas se o nosso MNE lembra o primeiro profeta, deve ser porque Abraão quer dizer, em hebreu, pai de uma multidão. Mais concretamente, no caso do nosso MNE e dos seus acólitos socialistas, uma multidão de imbecis, a tal confederacy of dunces de que apropriadamente falava Swift. Já agora, convém lembrar que Abraão acabou por não conseguir derrotar os seus fanáticos opositores e teve de abandonar Ur, partindo em busca da Terra Prometida. Felizmente para nós, há voos regulares para Nova York todos os dias.
PS: Por falar nisso, depois de Viriato e D. Afonso Henriques, nem é preciso dizer sobre quem Freitas do Amaral escreverá a sua próxima peça de teatro. Lá vamos ter de levar com o Ruy de Carvalho a fazer de Maomé.
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