maio 24, 2007

O pecado capital de Carmona Rodrigues

E pronto, o Carmona caiu. Eu apoiei o Carmona Rodrigues nas últimas eleições autárquicas, não porque nutra uma imensa simpatia pelo homem, o exemplo acabado do tecnocrata quer nunca deveria entrar na política, mas porque antipatizo profunda, visceralmente com o Manuel Maria Carrilho, o maior bluff da cultura nacional, a prova acabada da origem das espécies proposta por Darwin (quando se ouve o Carrilho falar, até o mais fanático criacionista fica convencido de que descendemos, de facto, dos macacos). O caso Bragaparques está demasiadamente mal esclarecido para ter uma opinião formada sobre a influência do engenheiro Carmona Rodrigues nele. Tenho uma opinião, isso sim, sobre a maneira politicamente desastrosa como o geriu (é o que dá apoiar tecnocratas, tique que nos chegou do PREC e das experiências de auto-gestão, que levaram, como se lembram, uma espécie de junta de salvação nacional, formada por engenheiros, arquitectos, etc, numa palavra, gente de bem, a seleccionadores nacionais no Mundial do México, em 1986, com o resultado que se sabe). Mas existe uma razão para eu censurar Carmona Rodrigues e não apoiar a sua reeleição. O homem ainda não pagou uns tostões que a CML deve à Maria Lopo de Carvalho, que tem alguma espécie de empresa de prestação de serviços (leia-se, aulas de Inglês) a 11 agrupamentos escolares da região. Ela estrebucha, talvez com razão. O problema, o que eu não posso perdoar ao engenheiro Carmona Rodrigues, é que o facto de se encontrar mal de finanças possa levar Maria Lopo de Carvalho a virar-se para a sua segunda fonte de rendimentos: a literatura. Por mim, não me importo de saber que uma ínfima parte dos meus impostos acabam no bolso da Maria Lopo de Carvalho, se isso significar que a senhora permanece entretida a brincar aos CEO e não escreve coisas como “Adopta-me”, “Palavra de Mulher”, “Que bicho te mordeu?” ou essa espantosa obra-prima da literatura naif (escola criada pela própria escritora), “A Minha Mãe é a Melhor do Mundo”. Os prédios históricos podem cair, o trânsito na cidade pode ser caótico, é normal, mas se um grupo de autarcas não consegue fazer uma coisa tão simples como impedir que escritores medíocres exerçam o seu ofício, então para que serve? Se o António Costa pagar a dívida pendente da CML à Maria Lopo de Carvalho, tem o meu voto.

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