maio 24, 2007

Um Émile Zola em cada jornalista português

O caso DREN, a liberdade de expressão, blá, blá, blá. Não se tem ouvido outra coisa nos últimos dias. O problema não está na excelentíssima directora da DREN. O problema, se me permitem, está na inocência do professor suspenso, que pensou que estava no restaurante O Barbas. A inocência é quanto mais grave quanto o referido professor já foi deputado do PSD. Os jornais clamam e não não entendem como é possível que tal episódio ocorra na função pública. Precisamente, o episódio apenas poderia ocorrer na função pública. Quem quer que leia as palavras dos jornalistas portugueses (um inglês que esteja na praia da Luz para linchar o Robert Murat, por exemplo) fica com a impressão que esta é uma máquina burocrática independente do poder político. Não é. Nunca foi. Nunca há-de ser. Os directores da DRE são, como toda a gente sabe, cargos de nomeação política. Tal como os directores que milhares, milhões de outras delegações, direcções-gerais, institutos, empresas dependentes do Estado. A DREN não serve para servir a educação no Norte do país. A DREN serve para servir o Ministério da Educação. A directora da DREN, nomeada por este Ministério da Educação, perseguiu, enxovalhou e demitiu um ex-deputado do PSD?! Meu Deus, em que mundo é que nós vivemos?! Que função pública é esta?! É a que temos desde o Estado Novo, que o PREC manteve igual, que o Bloco Central manteve igual, que todos os Governos democraticamente eleitos mantiveram igual, porque lhes convêm. O escândalo não é que um episódio destes aconteça. O escândalo é que um episódio destes seja, para os jornais, um escândalo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Vitor Elias

Já há alguns tempos que não visitava o seu blog.
Continua acutilante como sempre.
Não concordo com muita coisa que diz, mas admiro a sua escrita que continuo com alguma regularidade a ler no Inimigo Público.
Ainda hoje no site escrita criativa tive oportunidade de dizer que para mim o melhor humor vem do alentejo, em especial das tascas, e depois dei três exemplos de consagrados:

- Nicolau Breyner
- Luis Afonso
- Vitor Elias e António Marques

Não sei se já teve oportunidade de ler o livro RIbanho de Luis Afonso e Carlos Rico da Prime Books.
Se não leu, penso que vai gostar
Abraço
Mestre

Moses E. Herzog disse...

E se esqueça do Marco Paulo, que é de Mourão, para mim um dos grandes humoristas deste País.