junho 12, 2008

Chegaram a Portugal...
















Chega de futebol. Vamos falar do que realmente importa. Ontem terminou a “greve dos camionistas”. Não os protestos dos camionistas ligados à ANTRAM, que essa já tinha chegado a um acordo há muito com o Governo. O que chegou ao fim foi a “greve dos camionistas”. Ou seja, o Governo aceitou negociar com um gang de pessoas cuja identidade fica por identificar, sem qualquer orgânico própria, e portanto sem se poder criminalizá-los ao chamá-los à responsabilidade pelo que quer que seja. Ficam agora os portugueses a saber que, se não estiverem contentes com a situação do económica do País, com a última obra do José Saramago ou com a maneira como os azulejos da casa-de-banho ficaram colados, podem alegremente dirigir-se a uma estrada, fechá-la, arrastar cidadãos que estão a trabalhar para fora dos seus veículos, incendiar-lhes os veículos, espaná-los e, se a defesa dos seus “direitos” assim o obrigar, enforcá-los no poste de iluminação mais perto. Como prémio, tem não apenas a benevolência e o beneplácito tácito das autoridades, como ainda são recebidos pelos membros do Governo, com honras de Estado. Ficamos assim a saber que um grupelho de arrivistas pode paralisar o País e deixar as autoridades policiais e os bombeiros sem forma de se movimentarem e agirem. Uma pergunta urge: e se Portugal tivesse entretanto sofrido um ataque terrorista? Como é que as autoridades responderiam, imobilizadas e de mãos atadas? Quem seria responsabilizado? O grupelho de idiotas? Não parece. A responsabilidade está diluída pela multidão e o indulto definido a partir do momento em que o Governo os considera aptos a serem ouvidos como uma “força negocial”. Esta maneira de actuar dos camionistas faz lembrar bastante a usada pelos camionistas norte-americanos. E é sabido quem controla os camionistas norte-americanos: a máfia. A partir de hoje, todos os mafiosos deste País passam a saber que, para o Governo, são uma força negocial como outra qualquer, cujas reivindicações devem ser ouvidas e resolvidas quanto antes. E onde é que o PCP, o Bloco de Esquerda e a CGTP estiveram durante esta “luta dos trabalhadores”. Escondidos, esperando não serem confundidos com arrivistas descontrolados e incontroláveis. Entretanto, os camionistas ouvem as propostas do Governo (que, desesperado, lhes promete o que sabe que não pode cumprir, pelo que é uma questão de tempo até andarmos todos novamente de bomba em bomba, à procura de combustível) e, fingindo-se contrariados e preocupados com os superiores interesses da nação, resolvem fazer um enorme favor a Portugal e desconvocam a "paralisação". E o Governo respira de alívio pelo favor dos camionistas. Mas José Sócrates parece não entender uma das mais básica regras da vida: nunca se fica a dever um favor à máfia. Ele nunca deixará de ser cobrado.

PS: E, falando da CGTP, é interessante perceber como a Intersindical quer que “os direitos conquistados” pela organização não sejam extensíveis aos trabalhadores não sindicalizados na pandilha. Ou seja, a luta pelos oprimidos é muito bonita, mas só tem direito a ser oprimido e explorado quem pagar quota.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ah olá!Olhe eu preferia passar à frente do post que colocou,sr.Herzog,mas antes preferia que me dissertasse sobre o que pensa,global,e até pormenorizadamente,dos USA,aberta e livremente,com que há de bom e o que há de menos bom em qualquer país obviamente.Não tenho preconceitos,só acho que ouvir os outros enriquece as pessoas,e o sr.Herzog parece falar com propriedade sobre as coisas.
Aqui ficam os meus cordiais cumprimentos.
Kurt Schnitzler