setembro 09, 2006

A confederacy of dunces


Quando era criança sentia-me deprimido pela época em que vivia e pensava, no quarto, em como seria melhor viver nos anos 20, ignorante de que, para os contemporâneos de qualquer época, o passado surge sempre como preferível. Mais velho, hoje em dia olho para os anos 80, quando fui criança, como uma época ideal e inultrapassável. Sei que tudo não passa de uma falácia e que, daqui a 20 anos, olharei para o presente que agora atravessamos com a mesma nostalgia. Pensava em como seria bom ter vivido em primeira mão a publicação dos romances do Faulkner e do Fitzgerald, o lançamento dos filmes do John Ford, do Howard Hawks e do Frank Capra. Afinal, ler Absalom, Absalom! hoje em dia não se compara à excitação de descobrir o romance pela primeira vez, quando foi publicado, sem ser precedido por milhares de recessões críticas, com o entusiasmo de uma descoberta pessoal. Numa época em que vivemos uma aurea mediocritas, em que a qualidade se novela pelo médio, quando não pelo medíocre, poucos são os verdadeiros génios dos quais podemos ser contemporâneos. Porém, fui contemporâneo de Zinedine Zidane, uma das poucas pessoas que sobram no mundo para quem, aos olhos dos comuns dos mortais, o seu talento se mostra como improvável e quase sobrenatural. Tendo o privilégio de o ver jogar, ainda por cima, no meu clube de infância e família, o Real Madrid. Lembrar este génio por um erro no último momento da sua carreira é sintomático: os porcos nunca desistem de arrastar para o seu nível – ou seja, a lama – os verdadeiramente grandes.

3 comentários:

Anónimo disse...

Caballero del Balon: Don Alfredo di Stefano, el mejor futbolista de todos los tiempos

Moses E. Herzog disse...

Sin duda. Hoy mismo sigue sendo mejor que el Ronaldinho de la eterna sonrisa...

Moses E. Herzog disse...

Best regards to you also. What I find truly amazing is how an american understands portuguese. It's not usual, you know.