Ao cuidado da Fátima Campos Ferreira...
Em mais uma noite de insónias, doença da qual sofro cronicamente, vi ontem um programa da RTPN em que João Gobern e mais uns quantos convidados mais magros debatiam o "fenómeno" Morangos Com Açúcar e Floribella. Sou só eu que estou errado ou não há nada para perceber no dito fenómeno, assim mesmo denominado, como se Portugal fosse uma País habituado às mais altas expressões de cultura highbrow, com programas sobre Evelyn Waugh todas as noites em horário nobre, subitamente surpreendido pela invasão bárbara de uns quantos programas de lixo televisivo? Desde quando é que o nosso País se caracteriza por hábitos de consumo culturais? Num País com os mais baixos níveis de escolaridade da OCDE entre os jovens e os mais baixos níveis de leitura entre os adultos, ainda há quem se admire que a Floribella lidere as audiências? Queriam o quê em horário nobre, programas do David Attenborough? Mas, claro!, no final do debate levantou-se a inevitável questão do marketing que envolve os dois programas em questão. Sempre os traumas do PREC a virem ao de cima, como se o maior defeito dos programas não fosse serem mal escritos e interpretados, mas fazerem dinheiro. Mas se um programa comercial não serve para educar as massas, como desejariam os Arnaldos Matos deste País, então serve para quê? Ora bem: para fazer dinheiro. Não existe nenhuma diferença entre a Floribella e um anúncio da TMN. Ambos são produtos televisivos pensados e executados para apelarem ao consumo. Não valem por si, têm um propósito. O problema dos críticos portugueses é colocarem na mesma categoria um episódio da Floribella e um filme do Scorsese (confesso que prefiro um episódio da Floribella aos últimos filmes do Scorsese, mas enfim...). E atenção, este problema poderia ter um mínimo de pertinência caso as referidas séries fossem transmitidas por um canal público. Nesse caso, seria o primeiro a questionar a razão de gastarem o dinheiro dos meus impostos para pagar o salário à mongas da Luciana Abreu. Mas os Morangos Com Açúcar e a Floribella são transmitidos em canais privados, em empresas privadas, cuja obrigação contratual de fazerem serviço público é, antes de mais, uma aberração. Não compete à televisão formar os nossos impressionáveis jovens. Isso compete à escola – cujos salários de professores e funcionários, esses sim, são pagos por mim – e às famílias. Aguardo ansiosamente por um Prós & Contras sobre o assunto, numa qualquer semana da RTP dedicada ao ressabiamento.
setembro 10, 2006
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5 comentários:
o machado de guerra: fatima campos ferreira- uma vergonha nacional!
Uma das 9 999 999...
Catarina Furtado está mas buena
Não tanto como a Penelope Cruz, infelizmente para ela.
La mejor: Isabel Figueira
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