setembro 06, 2006


"Toro! Toro! Toro!"

Com tanta preocupação com o desemprego neste país, talvez os portugueses não protestassem tanto contra as touradas se alguém lhes lembrasse que ser toureiro é uma profissão e que, por exemplo, o melhor toureiro da actualidade, o sublime Julián López Escobar, El Juli, um jovem de 24 anos, cobra 250 000 euros por cada corrida. Sendo que ele faz dezenas de corridas numa temporada, é fazer as contas, como diria o António Guterres. E que a indústria da tourada, em Espanha, movimenta todos os anos um valor superior ao PIB português. Mas nada disso importa aos licenciados da Universidade Nova de Lisboa e demais hippie freaks que enchem as manifestações da ANIMAL e da Sociedade Protectora dos Animais. Resta-me esperar que os factos supramencionados passem para a agenda pública quando o Patrick Monteiro de Barros anunciar a construção de uma mega praça de touros, com capacidade para 200 000 espectadores, em Beja ou coisa que o valha.

1 comentário:

Moses E. Herzog disse...

Tempos houve em que a cultura e a cidadania dos povos se mediam pela participação das pessoas na vida social. Hoje em dia, estamos reduzidos à preocupação com os animais. Preocupar-se com seres que não se podem defender – concedo isso – não passa de uma forma arrogante de paternalismo. Deve você sentir-se bem quando pensa que está a tentar salvar uma baleia ou um touro. Deve até pensar que os animais, se falassem, como nas séries da NBC dos anos 60, lhe demonstrariam a sua extrema gratidão. Queira você saber que o touro bravo, enquanto espécie, está extinto desde a Idade Média. A única razão da existência do touro bravo é precisamente o seu uso nas touradas. Um touro não é uma vaca, só para o informar. Não tem o mínimo valor comercial. Ninguém investiria milhões de euros a comprar enormes terrenos para manter algumas poucas dezenas de touros, se o seu uso fosse somente fazer bifes. Dir-me-á você que, nesse caso, preferiria ver a espécie extinta. São opiniões. Acontece que eu não me importo minimamente com a opinião dos outros, ao contrário da turba de fanáticos, detentores da verdade e da moral, a que você pertence. Quanto à acusação pouco subtil de eu ser inculto e pouco civilizado, meu amigo, eu poderia dizer o mesmo de si, mas adversus solem ne loquitor. Não sabe latim? Talvez devesse começar a ver touradas.